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7 de dez. de 2011

Como construir uma escala por Thurstone (1928)


    Thurstone (1928) assumiu que havia um problema na mensuração de atitude da época e se propôs a estudá-lo. Antes de mais nada é preciso entender que atitude é um conceito que abrange o conjunto de sentimentos, noções pré-concebidas, ideias, medos, ameaças e convicções sobre algum tópico específico. E a expressão verbal da atitude é denominada opinião.
     A proposição de Thurstone (1928) é de mensurar atitude através da conformidade do indivíduo com opiniões, e sobre a limitação de não se ter certeza se a pessoa mente ou fala a verdade na hora de responder ao questionário, Thurstone (1928) se defende argumentando que o que está se mensurando é a atitude que a pessoa quer demonstrar, e isso deverá estar em conformidade com seus atos pois é mais provável que haja coincidência que contradição entre as respostas e as atitudes. Sobe-se também que situações livres de pressões sociais e grande número de respondentes são também uma solução eficaz contra essa limitação. Sempre haverá flutuação da mensuração, e para tomar conhecimento deste erro é necessário calcular o desvio padrão.
    Quando se compara pessoas em relação a algo é possível que esta comparação seja multi dimensional. Nesses casos o método de aplicação de escala não é indicado por Thurstone (1928), a indicação é apenas para as situações onde pode-se comparar pessoas de acordo com algum critério que resulte em A é mais X que B ou A é menos X que B. Nessas comparações do tipo 'mais ou menos', Thurstone (1928) acredita ser possível a mensuração por escala linear. Exemplo de escala linear é quando afirma-se que A possui mais educação que B, e nesses casos a unidade da escala não necessita ser física, assumindo-se (na maioria dos casos) uma escala abstrata.
    O primeiro passo da construção de uma escala é restringir qual variável será mensurada. Após definir a temática, Thurstone (1928) ensina que deve-se isolar algum aspecto da atitude que possa servir de comparativo entre as pessoas utilizando-se da lógica 'mais ou menos'. Se essa condição for atingida, haverá linearidade para se elaborar uma escala.
    Embora cada pessoa marque apenas uma alternativa, Thurstone (1928) reconhece que atitude não é apenas isso. É na verdade um conjunto de pontos infinitos ao redor da marca do respondente, pois em uma escala ideal é impossível determinar em um continuo se o ponto de melhor aderência é algum ou seus vizinhos imediatos. Atitude é então definida como um conjunto estreito de opiniões infinitamente próximas.

    Essa raciocínio é exemplificado pelo gráfio de distribuição de frequência na figura 1. Mesmo que só haja frequência para os pontos a,b,c,d,e,f  (já que só eles existem no questionário) a frequência dos intervalos foi estimada. Então quando Thurstone (1928) se refere a uma atitude, ele está na verdade se reportando a um conjunto de pontos vizinhos na escala de atitude.
   É por esse motivo que o gráfico de distribuição de Allport e Hartman (1925) não é considerado correto. De acordo com Thurstone (1928), eles apenas apresentam as frequências de cada item, mas não conseguem  elaborar uma curva de distribuição, Allport e Hartman (1925) também não se atentaram para o intervalo entre as afirmativas, ou seja, a proposição de 25 não é propriamente uma escala, mas um questionário multi-items.
    A escala de atitude é utilizada para mensurar uma pessoa, mas Thurstone (1928) afirma que ela também pode ser estendida a um grupo se forem consideradas as médias. Sendo assim é possível comparar diferentes grupos em relação a suas atitudes sobre algum tema específico.
   As opiniões (representadas pelas afirmativas) são os marcos da escala, e para o propósito de se desenhar uma curva de distribuição de frequência é conveniente para Thurstone (1928) escolher as assertivas de forma que a distância entre eles no continuo seja uniforme. 
   Para garantir que a ordem das afirmativas estejam em uma ordem que realmente forme uma escala linear, Thurstone (1928) sugere enviar as opiniões para grande grupo de pessoas (centenas) e solicitar que eles sugiram uma ordem para as frases. É importante que as pessoas responsáveis por dar ordem não sejam as mesmas que deram as opiniões, para evitar viés. A lógica é que se a alternativa A em 51% ou mais dos casos estiver a direita ou a esquerda de C, este é o lugar certo, mas se receber 50% de indicação para um lado e os outros 50% para o outro, é interpretado que ambas as frases representam o mesmo ponto na escala.

Método de construção de escalas por Thurstone (1928)

1. Diversos grupos de pessoas devem escrever suas opiniões sobre determinado assunto para criar um banco de dados;
2. A literatura deve ser revisada em busca de afirmativas que sirvam para a escala;
3. Uma lista inicial contendo entre 100 e 150 frases é editada para servir de base a escala, nesta lista deve-se verificar se existem afirmativas candidatas a todos os pontos da escala, inclusive os pontos neutro, para evitar que a transição seja abrupta entre os dois lados;
4. As frases devem ser impressas em papeis separados e enviadas a duas ou três centenas de pessoas que irão organiza-las em ordem, de um extremo ao outro;
5. A organização das frases aleatórias consiste em agrupar o conjunto de todas as afirmações em 11 grupos, apenas os dois grupos extremos são rotulados (por exemplo, conservador e liberal), o grupo central é o ponto neutro. Desta forma serão cinco grupos para cada lado da escala mais um neutro central;
6. Pela observação da frequência de cada frase em determinado grupo, é definido a escala.

    O artigo de Thurstone (1928) infelizmente não deixa claro quais frase de cada grupo são eleitas ser incluídas na escala final. Acredita-se que pela maior frequência seja um critério válido, mas se entende-se que todas as frases tem o mesmo peso (ou pesos vizinhos e por tanto compatíveis), qualquer escolha deveria satisfazer o objetivo.
   As regras para elaboração das assertivas são:

1. A afirmação deve ser a mais resumida possível;
2. Não pode ser dúbia de forma que duas pessoas classifiquem a mesma frase como pertencente aos dois extremos;
3. Toda frase deve expressar alguma atitude que o respondente possa ter em relação ao tema;
4. Deve-se priorizar orações simples, como forma de reduzir a dubiedade;
5. É preciso ter certeza de que todas as frases estão realmente abordando o mesmo tema.


   O método de validação de Thurstone (1928) é baseado no gráfico da figura 2. É um gráfico da curva phi-gamma e a leitura é da seguinte forma. As curvas marcam a amplitude em que cada curva foi classificada (entre os 11 grupos). Quanto menor a amplitude mais confiável, quanto maior, menos confiável.
  
  Outra técnica de validação consiste em elaborar curvas de frequência individuais. Por exemplo, solicita-se que todas as pessoas que escolheram uma alternativa do grupo 4 que escolham uma segunda alternativa. Se as respostas se concentrarem entre os grupos 3 e 5 não há problemas, mas se houver um pico de respostas em 1 ou 8, significa que a afirmativa inicial de 4 deve ser excluída.

Aplicação da escala de atitudes por Thurstone (1928)

  Os respondentes recebem 25 afirmações e devem marcar um sinal de positivo nas frases que concordam e um negativo nas que discordam. O somatório de pontos de cada indivíduo revela sua atitude em relação ao tema estudado.

    

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